Abaporu e o Tropicalismo
Há 40 anos morria Tarsila do Amaral, pintora do modernismo brasileiro e esposa de Oswald de Andrade.
Em 1928 Tarsila pintou Abaporu (“homem que come carne humana”, em tupi). O quadro inspirou Oswald e Raul Bopp na idealização do Movimento Atropofágico, que tinha por objetivo não a imitação, mas a incorporação da cultura externa, propondo a "Devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, convertendo-as em produto de exportação".
A tela pode ser interpretada como uma releitura do Pensador de Rodin (1902), transportando seu personagem para o sertão brasileiro, e deformando-o propositalmente para sugerir a valorização do trabalho braçal e a predominância do homem nativo, selvagem e antropófago. Essa "desconstrução do Pensador" pintada nas cores da bandeira do Brasil seria uma metáfora para a arte e cultura europeias; tidas como eruditas e refinadas, mas incondizentes com os paradigmas e idiossincrasias inseridas no contexto social brasileiro.
Ao assistir à montagem de uma peça de Oswald e Tarsila no Rio, Caetano redescobriu os antropófagos. Num momento de epifania, sentiu-se profundamente envolvido pela influência fragmentária aplicada pelos modernistas, que tornou-se fundamental para a conjuntura tropicalista que se formava. Para Caetano, "o tropicalismo é um neo-antropofagismo."
O Tropicalismo surge desta forma, alimentado com o substrato antropofágico que conduziu às reflexões estéticas sobre a estagnação da música produzida no Brasil que, de um lado, era refém das formas jazzísticas da Bossa Nova e, de outro, estava condenada a marginalização intelectual na Jovem Guarda.
Há 40 anos morria Tarsila do Amaral, pintora do modernismo brasileiro e esposa de Oswald de Andrade.
Em 1928 Tarsila pintou Abaporu (“homem que come carne humana”, em tupi). O quadro inspirou Oswald e Raul Bopp na idealização do Movimento Atropofágico, que tinha por objetivo não a imitação, mas a incorporação da cultura externa, propondo a "Devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, convertendo-as em produto de exportação".
A tela pode ser interpretada como uma releitura do Pensador de Rodin (1902), transportando seu personagem para o sertão brasileiro, e deformando-o propositalmente para sugerir a valorização do trabalho braçal e a predominância do homem nativo, selvagem e antropófago. Essa "desconstrução do Pensador" pintada nas cores da bandeira do Brasil seria uma metáfora para a arte e cultura europeias; tidas como eruditas e refinadas, mas incondizentes com os paradigmas e idiossincrasias inseridas no contexto social brasileiro.
Ao assistir à montagem de uma peça de Oswald e Tarsila no Rio, Caetano redescobriu os antropófagos. Num momento de epifania, sentiu-se profundamente envolvido pela influência fragmentária aplicada pelos modernistas, que tornou-se fundamental para a conjuntura tropicalista que se formava. Para Caetano, "o tropicalismo é um neo-antropofagismo."
O Tropicalismo surge desta forma, alimentado com o substrato antropofágico que conduziu às reflexões estéticas sobre a estagnação da música produzida no Brasil que, de um lado, era refém das formas jazzísticas da Bossa Nova e, de outro, estava condenada a marginalização intelectual na Jovem Guarda.